RESENHA DO LIVRO:MÉSZÁROS, István. A Teoria da Alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2006.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Em seu texto “A Teoria da Alienação em Marx”, István Mészáros esclarece que a teoria moral de Marx está ligada a como realizar a liberdade humana. Nesse sentido trabalha acerca da liberdade nos moldes sociais e morais.
Ao longo do texto, István Mészáros, afirma que na teoria de Marx, a atividade produtiva, imposta ao homem pelas necessidades substanciais e de subsistência é a condição fundamental do homem para a sobrevivência e para o desenvolvimento humano, e através deste é concedido a realização da liberdade humana. Com essa especificação da atividade humana do trabalho efetivada por Marx, mostra o reconhecimento social do antagonismo entre o trabalho concreto e o trabalho abstrato.
Assim elevando e aprofundando, tendo em vista a alienação e através da perspectiva ontológica, a autoconstrução do homem é através do trabalho e isto é a forma concreta. Contudo, ainda nessa perspectiva, Marx coloca também a mediação negativa que as categorias econômicas da sociedade, como a propriedade privada, ou a divisão do trabalho, ou ainda o assalariamento impõem: a determinação das relações humanas no complexo social pelo valor dos produtos do trabalho. A dialética da natureza levou e realizou o intercambio dos homens com a natureza, contudo mediado pela ação concreta dos valores de uso. Nesse sentido há uma inversão, pois, necessita então da abstração do trabalho, o valor de troca, ou seja, o valor do produto.
Com isso é obtido, nessa lógica as relações sociais que são, portanto fundadas a partir da mediação do concreto do trabalho dos homens, como István Mészáros coloca “mediação da mediação” estando assim na base da alienação social. Mészáros afirma ainda que "Marx não combate como alienação a mediação em geral", sendo que a forma humana da relação dos indivíduos com a natureza e com os outros indivíduos não é imediata; pelo contrário, é mediada pela atividade consciente, de mediação positiva, relacionando pelo processo de trabalho criador de valores de uso necessários para o desenvolvimento humano. O autor ainda diz: Marx dirige-se contra "essa mediação de ‘segunda ordem’ [que] só pode nascer com base na ontologicamente necessária ‘mediação de primeira ordem’ como forma específica, alienada, da segunda".
De forma que o trabalho concreto e a mediação se põe como "ontologicamente necessária", enquanto ao trabalho abstrato, ao valor, resta a crítica ontológica, "formulada como uma superação sócio-histórica necessária das ‘mediações’ (propriedade privada – troca – divisão do trabalho) que se interpõe entre o homem e sua atividade e impedem que o homem se realize em seu trabalho". Diante disto as conseqüências negativas do sistema capitalista de produção, tanto a massa humana, quanto para a natureza, é necessário compreender esta relação para que viabilize a compreensão da sua estrutura interna e os seus reais interesses.
O trabalho humano é indispensável para que este sistema possa alcançar os seus fins/objetivos. Isso se dá pois apresenta-se nele a forma alienada em relação ao trabalhador, e é interessante, através do texto, que se possa investigar o conceito de trabalho alienado. Entretanto, Marx buscou inspiração na filosofia hegeliana para investigar este conceito assim mostrando a influência de Hegel na construção marxiana do conceito de trabalho alienado.
Conclui-se, portanto, com bases teórico-filosóficas consistentes e abarcadas por uma interpretação genial, feita por István Mészáros, à sociedade tem passado por profundas modificações desde que Marx fez a sua análise do trabalho alienado, tendo sido criadas novas formas de trabalho, que requerem, muitas vezes, níveis bastante altos e diversificados de conhecimento, basicamente a relação entre capital e trabalho não mudou. Assim, as conseqüências da alienação do trabalho ainda abrangem e se estendem na nossa sociedade atual, por isso, é de extrema relevância o conhecimento deste aspecto que o trabalho pode assumir. Para Marx, o trabalho tem basicamente a função de possibilitar o desenvolvimento pleno das potencialidades humanas. A própria humanidade do ser humano é construída através da sua relação, pelo trabalho, com a natureza. Portanto, se pode notar a importância de estudar um aspecto do trabalho que é intrínseco à sociedade capitalista e que impede o desenvolvimento do ser humano enquanto tal.

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